23 de outubro de 2009

VIDA

Eu não quero morrer sem ter vivido o dia, nem quero morrer antes de saborear a vida.
Eu não quero me acostumar com o frio do inverno; quero sentir o sol e molhar meus pés na água do mar.
Eu não quero minhas janelas fechadas. Quero a amplidão...
Não quero o sobressalto da hora, do atraso, do medo; quero a liberdade de gritar no vento.
Eu não quero me acostumar a poupar a vida; quero gastá-la todinha.
Ela foi dada a mim e não posso deixá-la de herança para ninguém.

Maria Alice Guimarães

21 de outubro de 2009

A LÍNGUA PORTUGUESA

Ela não é fácil nem maleável. Não possui nenhuma sutileza, a não ser a do pensamento de quem usa e abusa de suas palavras na tradução dos pensamentos de amor e ódio, de rimas mal feitas em versos e inversos. É um desafio a quem escreve. É como montar um cavalo que não foi domado. Tenho tentado em vão parar seu fogoso galope. Nossa língua não fica pronta nunca; é um constante vir a ser, uma mutante bela e despudorada, que se veste e se despe como virgem límpida e pura.

SOLIDÃO

O que tenho pra te oferecer é minha solidão. Ela é tudo que sobrou de mim,.
É o que te posso dar . Tenho demais, posso repartir. Fica com ela por tua companheira. Nela encontrarás o amor que te dará alento nas tuas noites de saudade.
É o meu legado. Fica com ela.

CORAGEM

Quero ficar sem nada, mas quero que Deus me dê coragem para viver sem a tua presença.
Que eu possa penetrar nesse vazio com a plenitude amorosa da minha alma ofendida.
Peço coragem para me enfrentar sem medo de mim mesma
Que eu nunca precise me procurar , que eu esteja sempre ao alcance da minha busca.

DOAÇÃO

Doa-se um velho coração ...Sofrido, maltratado, mas que ainda bate com força Com o sério defeito de continuar moleque e atrevido Doa-se um coração usado, calejado e machucado que teima em continuar, sonhando e se iludindo. Doa-se um coração inconsequente, carente, precipitado que nunca desiste, que sempre insiste, que não aprende e que não se rende. Doa-se um coração velho e sem juízo, meio abestado, muito cansado, surdo, cego e mudo, mas que guarda uma reserva bem grande de amor.

Maria Alice Guimarães