12 de setembro de 2009

INDEPENDÊNCIA E CASAMENTO

Muito se têm dito acerca do que é independência, mas será que alcançamos o verdadeiro sentido do termo?
Examinando o verbete no dicionário, encontraremos a palavra como sendo sinônimo de “autonomia”. Independente, portanto, é quem não depende, é autônomo, livre.
Ainda apoiando-nos nas regras da gramática, encontramos na parte que trata da sintaxe, que as orações se dividem em coordenadas e subordinadas. Coordenadas são as orações paralelas, sintaticamente equivalentes, ou seja, possuem a mesma importância no período, são independentes. Com as orações subordinadas, não acontece a mesma coisa. Elas só têm sentido se estiver completando outra, a oração principal.

No primeiro caso, das coordenadas, existe independência, autonomia; no segundo, das subordinadas essa condição desaparece. Nas relações coordenadas, a força geradora de sentido é a mesma, em todas as orações, já nas subordinadas a carga significativa encontra-se na principal.
Levando para as relações interpessoais, o exemplo gramatical serve como base de análise para a compreensão do que seja ser independente.
Tentando responder a pergunta se independência e casamento podem coexistir, se duas pessoas vivendo debaixo do mesmo teto, dividindo a mesma cama, o mesmo cobertor, a mesma geladeira, o mesmo banheiro entre outras coisas, podem ser independentes, autônomas?

Nas relações subordinadas o processo é bem diferente. Um é a pessoa que exerce o poder, que tem a força da decisão; cabe a outra acatar. Esse tipo de casamento é o que acaba em separação ou a mulher se conforma à situação aceita e fica , ou na fantasia de que é feliz ou sufoca com subterfúgios que ela mesma cria, suas insatisfações. E ficam assim, parecendo o casal perfeito. Apesar de a modernidade ter batido à porta dos casais do século XXI, ainda é muito comum esse tipo de situação.

Mas a saída para quem deseja estar casada e ao mesmo tempo poder se intitular independente, parece estar na escolha do parceiro. Queiramos admitir ou não, a “cara metade” deve, necessariamente, comungar desses princípios básicos de convivência, respeitando a se importando com a mulher com quem se casou, vendo-a como um ser individual, diferente dele, física e psicologicamente. Estar em comunhão com o outro, dar-se direitos iguais, estabelecer relações coordenadas. Pode ser difícil, mas não é impossível.

Não há independência na subordinação. Um casal precisa assemelhar-se aos trilhos de um trem, correm paralelos, tem a mesma importância no trajeto, mas são autônomos, individuais. Os valores essenciais têm de ser os mesmos, a boa educação, o respeito mútuo não podem ser negligenciados.

Não me parece que ser independente e casada seja impossível às mulheres de hoje. Não vejo também necessidade de deixar de viver as emoções do amor compartilhado, muito menos de isolar-se na solidão para poder ser independente. A verdadeira independência é um sentimento, um estado de espírito, uma garantia de sobrevivência aconteça o que acontecer. É maturidade e sabedoria, que precisa ser buscada e lapidada a vida inteira. É crescimento emocional.
Ser independente e amar, casada ou não? Com certeza, sim.

Maria Alice Guimarães